Falar em ter saúde é estimular um estilo de vida mais saudável. Data Nacional da Saúde, comemorada neste 5 de agosto como homenagem a Oswaldo Cruz (dia que nasceu o médico e sanitarista) é um chamado para fazermos escolhas melhores na alimentação, em atividades físicas e na busca pela boa saúde mental. Segundo a American Heart Association, ter pouco contato frequente com outras pessoas (isolamento social) ou viver na solidão afeta mediadores comportamentais, psicológicos e fisiológicos, que por sua vez podem repercutir na saúde cardíaca e cerebral. Outros comportamentos danosos, decorrentes desses, são desnutrição, sono comprometido, consumo exagerado de álcool e tabagismo.

De acordo com a AHA, isolamento e solidão também alteram o prognóstico daqueles que já sofreram com problemas cardíacos e neurológicos. O neurologista Marcos Christiano Lange, coordenador do Departamento Científico de Doenças Cerebrovasculares, Neurologia Intervencionista e Terapia Intensiva em Neurologia da ABNeuro (Academia Brasileira de Neurologia), explica que isso pode ocorrer pelo quadro emocional que com frequência acompanha os solitários. Quando a pessoa se sente isolada do convívio social, a probabilidade de ela querer melhorar pode ser menor, ele explica em reportagem do jornal Folha de São Paulo, publicada ontem, dia 4.

Esse posicionamento que liga saúde mental ao risco de ataque cardíaco e AVC foi publicado pela American Heart Association com base em pesquisas nos EUA, França e Alemanha e Inglaterra: constatou-se um aumento de 32% no risco de derrame e de 29% no desenvolvimento de doença arterial coronariana entre aqueles com conexões sociais insuficientes.

Uma rede de relacionamentos frágil está ainda relacionada a um processo de inflamação generalizado que afeta a parte interna dos vasos sanguíneos, prejudicando seu funcionamento e aumentando o risco de problemas cardiovasculares.

SONO E ALZHEIMER

Por sua vez, artigo da publicação “Trends in Neurosciences”, repercutido no New York Times aponta para o número cada vez maior de provas de que dormir pouco pode levar a danos cerebrais permanentes e ao aumento no risco de doenças degenerativas como o mal de Alzheimer.

Os pesquisadores descobriram em experiências com animais que quando eles eram mantidos acordados por apenas algumas horas a mais do que o normal por dia, duas partes principais do cérebro eram mais afetadas: o cerúleo, que administra as sensações de alerta e estímulo, e o hipocampo, que tem um papel importante na formação das lembranças e no aprendizado.

Essas regiões, que nos humanos são essenciais para a preservação da experiência de consciência, nos animais reduziram a produção de antioxidantes, que protegem os neurônios das moléculas instáveis produzidas constantemente, como fumaça de escape, pelas células funcionais. Com os índices baixos, essas moléculas podem se acumular e atacar o cérebro internamente, decompondo proteínas, gorduras e o DNA. No cérebro dos ratos, a privação de sono levou à morte dos neurônios dias depois da restrição – ou seja, um limite muito mais baixo para o dano cerebral do que se imaginara a princípio. Além disso, também causou inflamação no córtex pré-frontal e aumentou os níveis de proteínas tau e beta-amiloide, ligadas às doenças degenerativas como o mal de Alzheimer e o de Parkinson no cerúleo e no hipocampo.

Atualmente, não há um meio ético de medir o grau e o tipo de dano celular causado pela privação de sono no cerúleo e no hipocampo de seres humanos vivos. O que há são estudos longitudinais publicados ao longo dos últimos 15 anos que se baseiam em mudanças comportamentais e dados de sono autorrelatados para relacionar a falta de qualidade do sono com demência, depressão, problemas de metabolismo, doenças cardiovasculares, reação imunológica insuficiente e até médias escolares mais baixas. São de confirmação difícil, mas, em conjunto com as conclusões dos modelos com animais, podem dar uma ideia de que há algum tipo de relação em longo prazo entre a falta de sono e os prejuízos físicos e cognitivos.

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