Você deve ter notado a cor rosa nos meios de comunicação, tingindo logotipos de instituições de saúde ou como iluminação em prédios e monumentos. A campanha outubro rosa é a primeira a respeito de diagnóstico de tipos de câncer que acontecem deste mês até o mês dezembro. Em outubro o foco é o diagnóstico precoce e prevenção ao câncer de mama – e recebe a cor rosa como símbolo – no novembro azul as organizações se concentrarão no combate ao câncer de próstata e no dezembro laranja aumenta o fluxo de informações a respeito do câncer de pele. Estes são os mais comuns, com maior incidência, e por isso os alvos das campanhas de saúde. Existem hoje, no Brasil, 30 Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP) implantados e em atividade (a maioria em capitais). Destes, 26 possuem informações consolidadas, isto é, pelo menos um ano de base de dados disponível, cobrindo aproximadamente 25% da população brasileira.

Esse esforço de comunicação é para conscientizar a população a respeito das doenças, evitá-las ou ao menos descobrir essa condição a tempo de iniciar rapidamente o tratamento e reduzir sua mortalidade.

Infelizmente, dados mostram que as campanhas estão longe de atingirem seus objetivos. Há tabus envolvidos nos exames, há menos acesso a eles do que é o desejável e a tomada de consciência a respeito de autocuidado é um caminho ainda bastante longo para ser tomado. Por exemplo, o tabagismo é responsável por cerca de 30% das mortes por câncer. Ainda que esta agenda tenha ganhado força há alguns anos e, aparentemente, tudo que está ao alcance está sendo feito, há mais para ser batalhado.

OUTUBRO ROSA

O câncer de mama é resultado da multiplicação anormal e desordenada de células da mama, formando um tumor. Essa mutação pode ser herdada (menos de 10% dos casos) ou espontânea (maioria dos casos). No entanto não se sabe com precisão se essas mutações ocorrem devido ao estilo de vida, alterações químicas no corpo da mulher ou à exposição a toxinas no ambiente. As estratégias de combate são então que as pessoas adotem hábitos saudáveis e evitem a exposição a fatores de risco para reduzir as chances da doença se desenvolver e que as pessoas descubram a doença, caso presente, cada vez mais cedo, para que possam se tratar tendo em vista maiores chances de cura.

Entre os fatores de risco não modificáveis, em especial para as mulheres com idade acima dos 35 anos, estão: menstruação precoce; primeira gravidez após os 30 anos; não ter filhos; menopausa depois dos 50 anos – considerada tardia; histórico familiar, sobretudo se um parente de primeiro grau, como mãe e irmã, teve a doença antes dos 50 anos.

Estes fatores são potencializados se a mulher se expor aos chamados fatores de risco modificáveis. Entre eles estão o tabagismo o consumo de álcool; sedentarismo e a obesidade. Também existem fatores chamados ambientais como uso de estrógenos, exposição à radiação ionizante ou ultravioleta, além de contato com certos produtos químicos e agentes infecciosos.

Para o Brasil, estimam-se que 66.280 casos novos de câncer de mama, para cada ano do triênio 2020-2022. Esse valor corresponde a um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres.

A história do Outubro Rosa começa ainda nos anos 90, quando a Fundação Susan G. Komen for the Cure, lançou o laço-cor-de-rosa e distribuiu para os participantes da primeira Corrida Pela Cura, em Nova York. A fundação é a maior organização de câncer de mama do mundo e financia tratamentos, apoio psicossocial, programas de triagem e educação para milhões de pessoas em mais de 30 países.

SINTOMAS DO CÂNCER DE MAMA

  • São sintomas as alterações na pele que recobre a mama (como vermelhidão, curvaturas ou retrações) e no mamilo, aspecto semelhante à casca de laranja.
  • Secreções que não são leite e nódulos (caroços) palpáveis com ou sem dores no seio ou na axila são sinais de alerta para a doença.

É importante lembrar que alterações como essas nem sempre são câncer.

Dos casos de câncer de mama, 1% é masculino. Para cada 100 mulheres diagnosticadas com câncer de mama, há 1 homem com o mesmo diagnóstico.

Normalmente, ele aparece em homens mais velhos, acima dos 60 anos, e pode ser mais frequente em homens cujas famílias apresentam muitos casos de câncer de mama (mesmo que em mulheres) e câncer de ovário.

TRATAMENTOS E POLÍTICAS PÚBLICAS

Todo câncer de mama precisa ser retirado em cirurgia parcial ou total. Entretanto, em alguns casos, a cirurgia é combinada com outras terapias. A escolha do tratamento depende de fatores como a presença ou ausência de receptores hormonais, estadiamento do tumor, estado de saúde e perfil do paciente.

Entre as estratégias de detecção precoce está o rastreamento do câncer, política de realização de exames na população de risco, em pessoas ainda sem sintomas No Brasil, a Lei 11.664/2008 define que a mamografia de rastreamento deve ser realizada anualmente em todas as mulheres com idade entre 40 e 69 anos, estratégia defendida pela FEMAMA e pela Sociedade Brasileira de Mastologia. Porém, o Ministério da Saúde adota como diretriz uma portaria posterior, que define que apenas mulheres entre 50 a 69 anos realizem o exame de rastreamento, com o máximo de dois anos entre os exames.

É geralmente reconhecido que não faltam mamógrafos no país. Ainda assim A grande questão é que a cobertura é insuficiente pela distribuição inadequada dos equipamentos.

Mulheres residentes em região metropolitana tinham mais de três vezes a chance de serem submetidas ao exame de mamografia do que as de área rural, enquanto para as que moravam em área urbana, a chance era em torno de duas vezes maior, aponta estudo realizado em 2011 no Rio de Janeiro.

São necessárias políticas para atenção e prevenção do câncer que garantam a compatibilização das distribuições de recursos e de população. Bem como a infraestrutura de recursos físicos e humanos para instalação, operação, manutenção e substituição dos equipamentos. A eficiência será medida de fato com a menor dificuldade de acesso ao exame, que é gerada tanto por barreiras à porta de entrada no sistema, como na continuidade do atendimento, sem a indicação do exame pelo médico.

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