Com o passar do tempo as orientações sobre o coronavirus foram mudando e as informações de precaução foram atualizadas à medida que mais estudos foram trazidos à luz. Então, uma visão mais completa sobre a pandemia, agora que meses se passaram desde o surto na China, oferece bem menos pânico na população, apesar da seriedade do assunto.
Um guia com mais de uma centena de perguntas e respostas foi publicado nos jornais e aqui vamos divulgando alguns pontos que melhoram a nossa compreensão sobre a doença. Semanalmente agruparemos 5 dúvidas e suas respostas:
É verdade que todos vão pegar coronavírus em algum momento?
Se pensarmos no longo prazo, na evolução biológica do vírus, a contaminação de toda a população pelo novo coronavírus é uma situação inevitável. “A tendência é a doença perder a agressividade para manter o hospedeiro vivo para que possa ter um local para se reproduzir. No entanto, isso deve acontecer no longo prazo”, afirma Ricardo Nishimori, médico de família e mestre pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Pela epidemiologia, ainda há muitos casos assintomáticos e esses infectados acabam sendo os maiores transmissores, por isso a necessidade do isolamento social”, diz. Mas como a doença é nova e apesar da alta taxa de transmissibilidade, não é possível afirmar com certeza que todos vão pegar o novo coronavírus em algum momento. Estudos sobre o comportamento do vírus ainda estão em andamento.
A perda de olfato e paladar, que vários pacientes da covid-19 relatam, é temporária ou para sempre?
Temporária. A perda permanente de olfato e paladar é considerada rara. “Este sintoma vem sendo observado em pacientes com quadro sugestivo de covid-19 e pode ser uma ferramenta para aumentar a acurácia do diagnóstico clínico da doença. No entanto, há um grande contingente de pessoas com a doença e sem este sinal”, afirma Unaí Tupinambás, professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A pessoa pode se contaminar mais de uma vez?
Há alguns casos pelo mundo de pessoas que tiveram a doença, melhoraram e voltaram a ser diagnosticadas com infecção pela covid-19. Por se tratar de um vírus novo, os cientistas ainda não chegaram a uma análise conclusiva. De qualquer forma, a chance de se contaminar mais de uma vez é tratada como fato raro. “Outra possibilidade é que o teste cujo resultado foi negativo pode não ter sido feito de forma adequada. Ou, ainda, o novo coronavírus pode provocar uma infecção bifásica, isto é, ele persistiria no organismo e, após algum tempo, reapareceria com outros sintomas. Mas tudo isso são hipóteses na tentativa de explicar esses achados”, informa a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O infectologista do Hospital Sírio-Libanês Ralcyon Teixeira lembra que os casos de reincidência registrados são poucos se comparados com a quantidade total de casos de infecção pelo coronavírus no mundo, por isso, ainda não é possível tirar conclusões definitivas.
Por que esse novo coronavírus é tão imprevisível e mata jovens sem doenças pré-existentes e não mata idosos com mais de 100 anos?
A gravidade dos sintomas varia e as pessoas do chamado grupo de risco têm chance maior de desenvolverem quadros mais graves por causa do coronavírus. Os cientistas ainda buscam a resposta para o fato de a covid-19 também matar jovens saudáveis. Algumas hipóteses estudadas são fatores genéticos e/ou a carga viral, ou seja, quanto a pessoa ficou exposta ao vírus.
O que ainda não se sabe sobre esse coronavírus?
São diversas perguntas sem resposta sobre o coronavírus até agora. A começar pelos números de casos e mortes, porque os países não conseguem testar as pessoas. Com a subnotificação, a taxa de letalidade é imprecisa. O motivo para a gravidade dos casos é outra questão que os cientistas ainda tentam responder. Não se sabe ao certo por que jovens saudáveis morrem por covid-19 e pessoas do grupo de risco sobrevivem após serem infectadas. Também não se sabe com certeza quanto tempo o coronavírus sobrevive em superfícies, mas ele parece se comportar como outros do mesmo tipo. Pesquisadores descobriram que as principais células que o vírus ataca para se multiplicar são as do sistema respiratório, especialmente as nasais e as pulmonares. Já uma possível chegada do vírus a órgãos como fígado, rins, baço, coração e intestino dependeria da presença dele no sangue, o que ainda não foi comprovado, segundo a professora Luciana Costa, diretora adjunta do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).