A despeito do aumento no preço dos medicamentos liberado pelo governo este mês, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos recomenda que o consumidor pesquise valores. O governo federal autorizou um reajuste de até 4,5% nos preços dos medicamentos para este ano. O porcentual, que funciona como um valor máximo, foi definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamento (CMED).

De acordo com a lei, a recomposição anual de preços definida pelo governo pode ser aplicada em cerca de 10 mil apresentações de medicamentos disponíveis no mercado varejista brasileiro. O reajuste autorizado pelo governo federal para 2024 é inferior ao de até 5,60% no preço concedido em 2023.

O reajuste não deve ser imediato, ou seja, depende de cada farmácia e da própria indústria farmacêutica. Por isso, o Sindusfarma recomenda que o consumidor pesquise nas farmácias e drogarias as melhores ofertas dos medicamentos prescritos pelos profissionais de saúde. “Dependendo da reposição de estoques e das estratégias comerciais dos estabelecimentos, aumentos de preço podem demorar meses ou nem acontecer”, diz em nota ao UOL o presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini.

DESPESA COM SAÚDE

Os brasileiros estão gastando menos com serviços de saúde privada, como consultas e planos de saúde, mas desembolsando mais com medicamentos, aponta o IBGE em levantamento divulgado no começo do mês; Em 2021, 33,7% das despesas familiares com saúde foram destinadas à compra de remédios; no ano anterior, esse índice atingiu 32,5%.

A participação das despesas com saúde no consumo final das famílias subiu de 7,3% em 2010 para 9,2% em 2021.

IDEC X AUMENTO DE PREÇO

Mas uma análise feita pelo Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) aponta que o reajuste no preço dos medicamentos pode, na prática, ser muito superior ao índice de 4,5%.

Isso porque o percentual de aumento é aplicável sobre o Preço Máximo ao Consumidor (PMC), ou seja, o valor máximo que as farmácias podem cobrar dos clientes em cada medicamento. As farmácias, no entanto, dificilmente chegam a esse valor. Por exemplo, embora o preço máximo do antibiótico Amoxicilina + Clavulanato de Potássio seja de R$ 404,65, nas farmácias ele é encontrado, em média, por R$ 180,30. Portanto, se o fabricante e as farmácias dobrarem o preço desse remédio da noite para o dia, o consumidor não terá a quem recorrer, contou ao Estadão a pesquisadora Marina Magalhães, do programa de Saúde do Idec: “Na média, os preços máximos permitidos pela regulação são muito descolados da realidade do mercado, e isso abre margem para que as farmácias adotem uma série de práticas abusivas”.

De acordo com o levantamento do Idec no qual foram analisados os preços de 20 medicamentos nas três maiores redes de farmácias do País, o valor de um remédio de marca pode aumentar em mais de 70% sem que isso viole o teto. No caso dos genéricos, esse aumento pode passar dos 100%.

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