Considerado um serviço essencial, o mercado de saúde tem se movimentado e crescido nos últimos anos. As despesas com consumo final de bens e serviços como percentual do Produto Interno Bruto cresceu de 8%, em 2010, para 9,2%, em 2017. Isso, segundo o IBGE, representou um total de R$ 608,3 bilhões. A maior parcela, R$ 354,6 bilhões, equivalente a 5,4% do PIB, está relacionada a despesas das famílias e instituições sem fins lucrativos a serviço das famílias (como hospitais filantrópicos e santas casas, por exemplo). As despesas de consumo do governo atingiram R$ 253,7 bilhões, ou o equivalente a 3,9% do PIB. Desde o início de série histórica, a fatia das famílias nas despesas com saúde supera a parcela do governo em volume. Com a pandemia do COVID-19, espera-se que a participação estatal irá aumentar significativamente, devido principalmente aos gastos que os governos (federal, estadual e municipal) estão fazendo para lidar com este desafio. 

Nesse panorama, onde o setor torna-se cada vez mais relevante em termos de participação no PIB e como fator gerador de emprego e renda, é imprescindível o excelente entendimento de alocações de recurso, políticas públicas baseadas em evidência, troca de informações e interações entre profissionais e a procura por certificações e acreditações para que a medicina não se torne uma commodity. A busca pelo melhor atendimento sem abrir mão da eficiência econômica é um ponto de constante atenção no setor privado. Neste sentido, empresas tem se movimentado em estratégias de fusão que permitam a integração das bases de dados entre elas, visando reduzir a sinistralidade e alcançando a venda cruzada de planos corporativos, como no caso da incorporação das ações da Intermédica pela Hapvida. Trata-se da maior operação do tipo no mercado brasileiro desde a fusão de Itaú e Unibanco. O acordo para a combinação de negócios cria uma das maiores provedoras de soluções de saúde verticalizadas no mundo, com valor de mercado de cerca de R$ 110 bilhões e receita líquida de R$ 18,2 bilhões. Esse ganho de escala permite fazer compras em maior volume (negociando descontos com fornecedores) e estruturas hospitalares e administrativas podem ser enxugadas, eliminando despesas em duplicidade.

Outro exemplo de empresa hospitalar ampliando sua fatia em companhia de planos de saúde é o recente anúncio que a Rede D’Or São Luiz, que já era o maior acionista do grupo Qualicorp, aumentou sua participação na empresa de 22,4% para 25,5%. 

SINISTRALIDADE REDUZIDA

Ter esses dois elos dentro do mesmo negócio e tratar o paciente dentro da própria rede permite fazer atendimentos preventivos e evitar a sinistralidade. Abre-se uma série de oportunidades para ganho de eficiência, reduzindo despesas e, com a ampliação de receita, melhorar a rentabilidade da operação.

Segundo matéria do jornal Estadão em 26 de março, circulou no mercado que a UnitedHealth teria conversado com a Dasa Diagnóstico, empresa de Pedro Bueno, filho do fundador da Amil, para vender de volta a Amil. A teoria seria que a Dasa gastaria parte do que vai captar em Bolsa, por meio de re-IPO lançado no final de março, nessa eventual compra.

Com a nova oferta em Bolsa, os papéis da Dasa voltam a ter liquidez no mercado. Isso permitiria que a empresa oferecesse à UnitedHealth ações como pagamento e tornasse a norte-americana acionista em uma nova empresa.

Embora a engenharia pareça interessante, especialmente depois da fusão da Hapvida com a NotreDame Intermédica, o movimento também é visto como duvidoso. A prioridade da Dasa é adquirir hospitais e esse passo seria operacionalmente desafiador.

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