Nessa semana, com a notícia de que o apresentador de televisão Fausto Silva está no hospital e precisa de um transplante de coração, muitas dúvidas surgiram pelas redes sociais sobre o procedimento, sobre a fila de transplante e como a urgência opera para um paciente avançar na prioridade da operação. O transplante é indicado quando o tratamento – que envolve o uso de medicamentos orais e alterações no estilo de vida – não é capaz de melhorar ou estabilizar a condição. No Brasil, a fila para transplantes de órgãos em geral é única tanto para pacientes do sistema público de saúde quanto privado.

A Associação Brasileira de Transplante de Órgãos publicou no site uma página com Perguntas e Respostas que reproduziremos abaixo.

1. Quais os tipos de doadores?

Existem dois tipos de doadores de órgãos, o doador em vida e o doador após ser diagnosticado com morte encefálica.

Doador em vida: Precisa ser uma pessoa em boas condições de saúde, estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a sua própria saúde e aptidões vitais. O candidato a doador deverá realizar uma avaliação médica para afastar a possibilidade de doenças que comprometam sua saúde ou do receptor. Além disso, deve ser uma pessoa juridicamente capaz, pois a doação só pode ser feita com autorização judicial.

Doador pós morte encefálica: A morte encefálica é definida como “morte baseada na ausência de todas as funções neurológicas”, ou seja, é permanente é irreversível. Após diagnosticado com morte encefálica a pessoa não tem como mais “reviver” e assim, todos os outros órgãos ainda funcionam, possibilitando a doação. A morte encefálica só ocorre e é diagnosticada em pacientes hospitalizados que estejam respirando com ajuda de aparelhos (ou seja, pessoas que morrem fora do hospital não se enquadram nesse tipo de doação).

2. Quais órgãos e tecidos podem ser doados?

doador vivo pode doar um Rim, Medula Óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue); parte do fígado (em torno de 70%) e parte do pulmão (em situações excepcionais).

Já um único doador falecido pode salvas mais de oito vidas, podendo doar coração, pulmão, fígado, os rins, pâncreas, córneas, intestino, pele, ossos e válvulas cardíacas.

3. Como fica o corpo depois que os órgão são retirados?

Após o preparo inicial da cirurgia são realizados os procedimentos para a retirada dos órgãos doados. Ao final, todo o cuidado é aplicado para a realização de adequada reconstituição do corpo, de acordo com a Lei n° 9.434/1997.

O corpo fica como antes, sem nenhuma deformidade (exceto uma cicatriz no abdome) não havendo a necessidade de sepultamentos especiais. O doador poderá ser velado e sepultado normalmente.

4. Como funciona?

A Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos (Central de Transplantes) é notificada e repassa a informação para uma Organização de Procura de Órgão (OPO) da região. A OPO se dirige ao hospital e examina o doador, revendo a história clínica, os antecedentes médicos e os exames laboratoriais. A viabilidade dos órgãos é avaliada, bem como a sorologia para afastar doenças infecciosas e a compatibilidade com prováveis receptores.

A OPO informa a Central de Transplantes, que emite uma lista de receptores inscritos, compatíveis com o doador. No caso de transplante de rins, deve-se fazer ainda uma nova seleção por compatibilidade imunológica ou histológica. A central, então, informa a equipe de transplante e o paciente receptor nomeado. Cabe à equipe médica decidir sobre a utilização ou não do órgão.

Para entrar na lista de espera de transplante, o médico do paciente precisa cadastrá-lo na lista única. Os receptores (pacientes que estão na fila) são separados de acordo com as necessidades e conforme o órgão que necessita, tipos sanguíneos e outras especificações técnicas.

Esse sistema de lista única tem ordem cronológica de inscrição, sendo os receptores selecionados desse modo, em função da gravidade ou compatibilidade sanguínea e genética com o doador. Porém, a distribuição de órgãos depende de outros critérios além do tempo na fila (os critérios variam de acordo com o órgão a ser transplantado e suas devidas necessidades)

Os critérios de desempate são diferentes de acordo com o tipo de órgão ou tecido; a Gravidade é motivo de priorização ou de atribuição de situação especial.

Obs: crianças têm prioridade quando o doador é criança ou quando estão concorrendo com adultos.

5. Quais são os riscos do pós-transplante?

Os riscos corridos pós transplante são de infecções, mas estas mesmas que podem se desenvolver em qualquer pessoa se recuperando de uma cirurgia, como infecções no local de cirurgia ou no órgão transplantado, pneumonia e infecções no trato urinário.

Sendo um pouco mais delicado esse processo, os receptores de transplante também correm o risco de infecções anormais (oportunistas) que afetam principalmente os indivíduos com o sistema imunológico enfraquecido.

Visto isso, a maioria dos indivíduos toma fármacos antimicrobiano, após o transplante, para ajudar a evitar as infecções. O risco de infecção retorna ao nível anterior ao do transplante em cerca de 80% dos indivíduos, depois de 6 meses.

Para emergências:        +55 21 3262-0100