Faz algum tempo que o autismo ganha luz e mídia, especialmente com a presença de influenciadores autistas nas redes sociais, celebridades abraçando a causa por motivos pessoais e políticos defendendo essa bandeira nas casas legislativas por todo o País. Especialmente em abril, quando é celebrado o mês da conscientização, campanhas ganham um gás para correr mais mídias e alcançar mais pessoas; é o chamado Abril Azul.

Há uma criança autista entre aproximadamente 36 nascidas, aponta o CDC (Centers for Disease Control and PreventionEstados Unidos). Saber a prevalência da condição é fundamental para ampliar pesquisas, tratamentos, políticas públicas e dar mais visibilidade ao tema.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) envolve mudanças na capacidade de comunicação e na interação social, além da manifestação de comportamentos repetitivos. É importante ressaltar que o autismo não se caracteriza como uma doença e sim como um distúrbio do neurodesenvolvimento. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, o transtorno começa na infância e tende a persistir na adolescência e na idade adulta. Na maioria dos casos, as condições são aparentes durante os primeiros cinco anos de vida.

Os impactos do transtorno podem depender do grau de diversidade:

  • No nível 1, as pessoas podem depender menos de apoio externo no dia a dia para realizar as tarefas cotidianas;
  • No nível 2, a pessoa pode precisar de um pouco mais de apoio nas Atividades da Vida Diária (AVDs), como comer, trocar de roupas ou tornar banho. Podem apresentar sensibilidade ao toque, atraso na fala, pouco ou nenhum contato visual, entre outros;
  • No nível 3, precisam de apoio substancial nas tarefas do dia a dia, desde as mais simples a mais complexas. Apresentam graves déficits na comunicação e interação social e também nos padrões de comportamentos restritos e repetitivos.

Ao apresentar as pessoas com autismo como sujeitos que demandam nosso respeito e nosso reconhecimento em sua condição peculiar, conduz decisivamente à construção de uma sociedade mais justa, mais inclusiva, na qual cada pessoa, cada um possa contribuir de acordo com as suas capacidades e seja acolhido em suas necessidades

Fora do universo médico, patológico, no dia a dia dos desavisados, de quem dá qualquer importância ao assunto, nos momentos em que não se espera a presença de alguém diferente, a maior barreira é o desconhecimento a respeito dessa complexidade que forma a cabeça autista e, por consequência, cria a personalidade, a individualidade, a criatura única, com suas características, necessidades, dificuldades, capacidades, vocações e vontades.

Luiz Alexandre Souza Ventura.

Recentemente, o escritor Matthew Zapruder conta do diagnóstico de autismo para seu filho mais novo no livro Story of a Poem.  Segundo crítica do jornal Washington Post, a própria escrita é a maneira como ele processa essas mudanças. É como “ver de novo”. Zapruder escreve: “Quero continuar tentando entender. O único jeito de conseguir é escrevendo”. Os leitores ficam íntimos de uma conversa que Zapruder tem consigo mesmo sobre literatura, diferença, meia-idade, memória e condição humana, e o alcance deste livro de memórias reflete a amplitude e a profundidade dessa conversa. Qual é a relação entre criar uma criança atípica e escrever poemas? O livro nos oferece respostas: amor, atenção, mistério, aceitação. “Que mundo podemos imaginar e depois construir, onde todos possamos viver?”, pergunta Zapruder. Story of a Poem é uma defesa desse mundo: inclusivo, expansivo e elástico o suficiente para conter mais do que imaginávamos.

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