Um artigo cientifico publicado na revista Molecular Psychiatry analisou 17 pesquisas, que já haviam sido realizadas, para concluir que baixos níveis de serotonina não tem associação direta com a depressão, como se acreditava até agora. O tratamento da condição se dá com antidepressivos que atuam contra a baixa de serotonina. A notícia indica que é importante investigar outras razões para alguém desenvolver depressão.
Numa entrevista para o jornal Folha de São Paulo, o psicanalista e professor da USP Chistian Dunker diz que “existe uma interação entre cérebro e o ambiente que a pessoa vive. Dessa forma, a depressão não seria um fenômeno estritamente biológico, mas envolveria outras questões do indivíduo e do meio que o cerca.”
Além de concluir que faltam evidências para confirmar a relação causal entre serotonina e depressão, a pesquisa reitera que é necessário entender melhor os mecanismos dos inibidores de recaptação dessa substância.
Um dos pontos é que, como o desenvolvimento da depressão não necessariamente decorre dos baixos níveis do neurotransmissor, os inibidores não estariam agindo diretamente na causa da doença.
Depressão afeta a qualidade de vida e a saúde mental. Em quadros severos pode levar ao suicício. Um dado para nos debruçarmos é que embora 72% dos homens consideram ter boa saúde mental, ante 55% das mulheres, dados do Ministério da Saúde mostram uma taxa média anual de prevalência de suicídios entre o sexo masculino: são 9,8 para 100 mil homens, enquanto entre mulheres a taxa é de 2,5.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda quatro diretrizes para a prevenção do suicídio: dificultar o acesso aos principais métodos utilizados, qualificar o trabalho da mídia para que neutralize relatos e enfatize histórias de superação, expandir e fortalecer serviços de saúde mental, capacitando profissionais para identificar casos precoces e trabalhar habilidades socioemocionais nos espaços de ensino.
Os diagnósticos de depressão na população adulta brasileira cresceram 41% nos dois primeiros anos da pandemia de Covid-19. As mulheres foram as que mais impulsionaram a alta, com mais do que o dobro da prevalência registrada entre os homens. Na população deprimida, houve uma piora significativa dos hábitos saudáveis de vida, como queda do consumo de verduras e legumes e da prática de atividade física, além de aumento da taxa de tabagismo.