Neste setembro amarelo, quando trazemos questões relacionadas aos números de suicídios e como podemos preveni-los, um número alarma a sociedade: entre mulheres, negros e idosos as taxas tiveram aumento no período seguinte a pandemia de COVID-19, ao passo que se manteve estável entre a população em geral. Esta foi a conclusão de um estudo do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As estatísticas foram publicadas na Revista Brasileira de Psiquiatria e indicam que algumas pessoas sofreram mais os efeitos da pandemia.
Os idosos, que tiveram aumento de 9% em relação ao período anterior ao COVID-19, enfrentaram a dificuldade de acesso às tecnologias de comunicação que foram essenciais na pandemia, inclusive para obtenção de serviços de saúde, via telemedicina. Além disso, por ser um dos grupos mais vulneráveis ao vírus, experimentaram um isolamento social ainda mais restrito. Em relação às mulheres, com aumento de 7%, os dados oficiais relatam o crescimento da violência doméstica, aliado à sobrecarga que esse segmento sofreu com o trabalho doméstico, cuidado de familiares e auxílio ao ensino dos filhos, que passaram a estudar em casa.
Estudos indicam que uma em cada quatro mulheres sofreu algum tipo de violência nos primeiros 12 meses de pandemia.
As taxas de suicídio variam significativamente também em relação às regiões do país, com índices mais altos nos locais com uma rede de apoio em saúde mental menos desenvolvida e lugares mais afetados pela pandemia, como a região Norte. A pesquisa também apontou o aumento da taxa de suicídio entre a população negra, especialmente na região Sul, denotando que esse grupo foi mais fragilizado devido ao menor acesso a serviços de saúde.
Um dos pesquisadores do estudo, o psicólogo Felipe Ornell, disse em entrevista para o jornal Folha de São Paulo que não se pode trabalhar o suicídio de forma genérica ou individualizada. Seria preciso políticas específicas para grupos específicos.
“Na questão do suicídio, é preciso prevenção na escola, nas redes de assistência social. É preciso romper essa ideia defasada de que saúde mental só se resolve com medicamento. É preciso identificar sinais de que a pessoa está em risco.”
ONDE BUSCAR AJUDA?
- Procure a UBS (Unidade Básica de Saúde) ou o Caps (Centro de Atenção Psicossocial) mais próximo da sua residência
- Em caso de emergência, entre em contato com o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ligando para 192
- Converse com um voluntário do CVV (Centro de Valorização da Vida) ligando para 188 (chamada gratuita a partir de qualquer linha telefônica fixa ou de celular de todo o território nacional) ou acesse www.cvv.org.br