O Dia Mundial Sem Tabaco, marcado em 31 de maio, foi criado em 1987 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo. 

No mundo, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano. E a assistência médica associada ao tabagismo gerou, em 2015, R$ 39,4 bilhões em custos diretos. Além disso, a perda de produtividade associada ao hábito de fumar, no mesmo ano, chega a R$ 17,5 bilhões em custos indiretos devido às mortes prematuras e incapacidades.

No Brasil, o INCA é o responsável pela divulgação e elaboração do material técnico para subsidiar as comemorações do dia 31 de maio em níveis federal, estadual e municipal. No Ministério da Saúde, a Comissão anti-tabagismo envolve-se com diretrizes, estudos e aconselhamentos, sendo bastante atuante. A médica pneumologista dra. Margareth Dalcomo, há 45 anos na profissão, foi a primeira secretária da comissão. Ela foi homanegada na Hospitalar desse ano, quando destacou a a luta contra a regularização do cigarro eletrônico. “É a nova desgraça que se abate, principalmente, sobre os nossos jovens. Conseguimos manter a proibição da regulamentação, a Anvisa não aprovou, mas entra uma grande quantidade no país por contrabando”, disse ao site da feira.

“O Brasil foi pioneiro na redução do número de tabagistas, acompanho este trabalho muito de perto. O cigarro eletrônico é uma falácia, não é uma maneira das pessoas terem um intermediário até parar de fumar. Pelo contrário, vamos criar uma nova legião de dependentes de nicotina e outras substâncias e metais pesados, que fazem parte do chamado tabaco aquecido”.

Margareth Dalcomo.

Para proteger a população contra a fumaça do tabaco, a legislação antifumo foi aperfeiçoada ao longo dos anos, a fim de se alinhar à Convenção-Quadro de Controle do Tabaco (CQCT), da Organização Mundial de Saúde. Os avanços positivos que o Brasil obteve no controle do tabaco são reconhecidos internacionalmente, com dados que mostram que, em 1989, eram mais de 30% de fumantes no Brasil e que hoje esse índice está em menos de 10%, de acordo com ONGs que trabalham no assunto. Vale enaltecer a Lei 12.546/2011, que, além de proibir o ato de fumar em locais fechados, públicos e privados, impediu, inclusive, a possibilidade da existência de fumódromos.

A advertência sobre os perigos do tabaco também foi se aprimorando no decorrer dos anos. As mensagens nas embalagens dos cigarros passaram a ser mais impactantes:

  • Obrigatoriedade de os maços de cigarros terem o serviço telefônico do SUS de cessação do tabaco (Disque Saúde 136);
  • Lei federal determinou a inclusão das imagens de alerta em 30% da parte frontal da embalagem e em 100% da parte de trás.
  • Publicidade direta feita por veículos de comunicação e anúncios proibida no Brasil desde 1996.

NICOTINA E SISTEMA NERVOSO

A nicotina, presente em qualquer derivado do tabaco é considerada droga por possuir propriedades psicoativas, ou seja, ao ser inalada produz alteração no sistema nervoso central, trazendo modificação no estado emocional e comportamental do usuário que pode induzir ao abuso e dependência. O quadro de dependência resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo para consumir a droga.

Muitos são os fatores que podem levar a pessoa a experimentar drogas, já que é histórica a tendência humana de buscar formas de alterar sua consciência de modo a produzir prazer e modificar seu humor. Dependendo da suscetibilidade individual, alguns fatores serão decisivos para estimular o indivíduo atender a essa tendência humana de buscar nas drogas o alívio para suas tensões, tais como a aceitação social de uma determinada substância, seu fácil acesso, uso da droga por pessoas que tenham papel de modelos de comportamento. 

BENEFÍCIOS EM PARAR DE FUMAR

Parar de fumar sempre vale a pena em qualquer momento da vida, mesmo que o fumante já esteja com alguma doença causada pelo cigarro, tais como câncer, enfisema ou derrame. A qualidade de vida melhora muito ao parar de fumar. Veja o que acontece se você parar de fumar agora:

  • Após 20 minutos, a pressão sanguínea e a pulsação voltam ao normal.
  • Após 2 horas, não há mais nicotina circulando no sangue.
  • Após 8 horas, o nível de oxigênio no sangue se normaliza.
  • Após 12 a 24 horas, os pulmões já funcionam melhor.
  • Após 2 dias, o olfato já percebe melhor os cheiros e o paladar já degusta melhor a comida.
  • Após 3 semanas, a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora.
  • Após 1 ano, o risco de morte por infarto do miocárdio é reduzido à metade.
  • Após 10 anos, o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram.

O tratamento do tabagismo é oferecido em mais de 4 mil unidades de saúde, a maioria (91%) na Atenção Primária, a porta de entrada do SUS. Os medicamentos disponibilizados pelo Ministério da Saúde para o tratamento do tabagismo na rede do SUS são os seguintes: terapia de reposição de nicotina (adesivo transdérmico e goma de mascar) e o cloridrato de bupropiona (Brasil, 2020).

O Inca promoverá um webinar com o tema da campanha deste ano: “Comprometa-se a deixar de fumar”, que será transmitido ao vivo pela TV INCA, dia 31 de maio, a partir das 14 horas.

Para emergências:        +55 21 3262-0100