Como controlar o tempo que as crianças passam na internet? Qual o tempo adequado para cada idade permanecer conectada ao celular? A rede BBC fez essas perguntas para pediatras e especialistas em mídias digitais para ajudar pais a educarem melhor os seus filhos. Segundo o Grupo de Trabalho Saúde na Era Digital da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), em estudo feito entre 2019 e 2021, o limite de tempo em contato com celulares, tablets e computadores é o seguinte:

  • Menores de 2 anos: nenhum contato com telas ou videogames;
  • Dos 2 aos 5 anos: até uma hora por dia;
  • Dos 6 aos 10 anos: entre uma e duas horas por dia;
  • Dos 11 aos 18 anos: entre duas e três horas por dia.

O risco de exagero no tempo conectado, de acesso a conteúdos inapropriados ou de golpes e exposição indevida deve sempre ser controlado pelos pais ou tutores das crianças e adolescentes. É necessário identificar quando essa relação com as telas passa dos limites.

Observe se a criança está utilizando o celular em lugares isolados da casa. A SBP orienta que crianças e adolescentes utilizem em locais onde os adultos estejam sempre por perto para evitar acesso a conteúdos inapropriados.

Jamais deixe que o adolescente troque o dia pela noite. O médico Rodrigo Machado, do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, orienta que o ideal é limitar o contato com estímulos luminosos que vêm das telas conforme anoitece.

“A luz prejudica a produção da melatonina, hormônio que dita o ritmo de 24 horas do dia. Sem a presença dessa substância, todo o processo do sono acaba atrasado”.

Outros sinais típicos de que o jovem está exagerando no tempo de telas é o abandono, parcial ou completo, de todas as atividades fora da internet, como as práticas esportivas, culturais e de lazer. Os especialistas dizem que a rotina e o estabelecimento de regras claras é fundamental nas primeiras décadas de vida e deve incluir aqueles que estão na primeira infância. O documento da SBP também pede que pais e tutores prestem atenção na “queda do rendimento, fracasso, abandono ou evasão escolar”. Observe, portanto, se a criança ou o adolescente está passando muitas horas na frente do computador ou do celular e, em paralelo, as notas e o comportamento em sala de aula sofreram alguma alteração. Em alguns casos, é possível que exista uma conexão entre esses dois fenômenos.

COMO RESOLVER ESSES PROBLEMAS?

Considerando o fato de que os celulares são parte da rotina da vasta maioria das pessoas, será que é possível ter uma relação mais saudável com a tecnologia? E como identificar as situações em que o uso desses dispositivos ultrapassou os limites, especialmente na infância e na adolescência? “A primeira intervenção é se desconectar aos poucos. De nada adianta castigar ou tirar o celular da criança ou do adolescente de forma brusca e definitiva”, ressalta a médica Evelyn Eisenstein, coordenadora do grupo brasileiro da SBP. Esse ato de se desconectar da internet precisa envolver todos os integrantes da família, não apenas os jovens. Além disso, a criança e o adolescente precisam saber que podem entrar na internet por um determinado número de horas por dia.

Para os casos em que há diagnóstico de um transtorno, como uma dependência de videogames, é possível intervir por meio da terapia cognitivo-comportamental, uma abordagem da psicologia que busca analisar, racionalizar e propor intervenções nos hábitos e nos pensamentos do paciente.

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