A situação econômica do País reflete-se também na saúde privada. Entre fevereiro e junho de 2020, 297 mil pessoas deixaram de contar com a cobertura de planos de saúde, por causa de demissões, interrupção de atividades e perda de renda, afirmou José Cechin, superintendente-executivo do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar) para reportagem do jornal Folha de São Paulo. No segundo semestre, a tendência se reverteu. “A queda do número de beneficiários foi reconquistada entre julho e setembro. Já o desempenho do último trimestre foi o responsável pelo avanço em 2020”, diz Cechin. Foram mais de de 389 mil novos usuários, aumento de 1,4% no ano. Ao todo, o setor encerrou 2020 com mais de 47,6 milhões de beneficiários.

O mercado se movimenta em todas as redes, sejam de laboratórios ou hospitais, recalcula rotas e traça planos. A rede Fleury, por exemplo, uma das maiores de São Paulo, quer acelerar a estratégia de criar sua própria plataforma de saúde, deixando de oferecer apenas os serviços de laboratório para fortalecer seus ramos de medicina ambulatorial e atendimento digital, conta a CEO Jeane Tsutsui ao jornal Estadão. Nos últimos dez meses, de junho de 2020 a abril de 2021, a plataforma digital Saúde iD, responsável pela área de telemedicina do grupo, realizou mais de 300 mil teleconsultas. Desse total, 40% dos encontros virtuais entre médicos e pacientes foram realizados em cidades nas quais o Fleury não tem unidades. Agora, analistas questionam se o grupo pretende fazer aquisições maiores e como manterá as margens de rentabilidade, aponta a reportagem.

 

Produto Interno Bruto do Brasil nos últimos dez anos.

O grupo Amil também opera mudanças, a empresa passou a oferecer opções mais acessíveis, com cobertura regional em São Paulo, Guarulhos e Rio, depois de registrar perda no primeiro semestre do ano passado. O novo plano mais econômico inclui telessaúde e cobertura de hospitais da rede própria, além de urgência e emergência nacional. Ao jornal Folha, o diretor-executivo da Amil, Edvaldo Vieira diz: “O mercado de planos de saúde é diretamente impactado por indicadores econômicos e níveis de emprego, visto que a maioria das operadoras são focadas na venda de planos coletivos empresariais. A retenção de clientes e a oferta de produtos mais acessíveis estão sendo os caminhos para contornar a previsão de índices de empregabilidade pouco favoráveis”.
No ano passado a Amil realizou mais de 1 milhão de atendimentos em telessaúde.

Operadoras de planos e redes de laboratório tem se conversado em face da premente questão dos exames de COVID-19. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, em dezembro 69% do total de reclamações envolvendo a doença se referiam a dificuldades com exames e tratamento. Ao mesmo tempo que houve grande demanda para realização de exames para o Sars-Cov-2, aconteceu queda nos exames diagnósticos para outras doenças, uma redução de quase 40% nos atendimentos, pois a própria Agência Nacional de Saúde Suplementar suspendeu a realização de exames eletivos durante um período.

Isso levou o Fleury a enfrentar um baque no segundo trimestre do ano passado por causa das medidas de restrição. Passou então a investir em atendimento móvel, que cresceu 77% em 2020 em comparação com 2019. E incluiu novos procedimentos, como exames de ultrassom, além das aquisições de 100% do CIP (Centro de Infusões Pacaembu) e de 80% da Clínica de Olhos Moacir Cunha.

Já a UnitedHealth Group Brasil, do qual a Amil faz parte, inaugurou em maio um laboratório de biologia molecular, em São Paulo, para agilizar o diagnóstico dos pacientes com suspeita de Covid. Desde março de 2020, a empresa fez mais de 184 mil exames PCR.

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