Nas últimas semanas o noticiário tem se preocupado com a lotação de hospitais que estão no limite para tratarem mais casos de pacientes com COVID-19. Principalmente na rede pública, pessoas aguardam por dias para conseguirem uma internação e o quadro de estabilidade da pandemia, que havia sido alcançado no segundo semestre, já é drasticamente diferente. O contágio pelo Sars-Cov-2 voltou a acelerar e principalmente pessoas mais idosas estão sendo vítimas fatais, muitas vezes por decorrência de situações em seus próprios lares por culpa da exposição dos mais jovens e que vivem juntos com eles, mas são menos castigados pelos sintomas e são menos cuidadosos com as medidas de segurança.

“Desde a metade de setembro, a tendência começou a se reverter nas internações. Ou seja, a taxa passou a cair mais lentamente, depois se estabilizou e, enfim, começou a subir nas últimas semanas”, explica Isaac Schrarstzhaupt, cientista de dados e colaborador na Rede Analise Covid-19, em entrevista para a revista VEJA.

Reforce os cuidados individuais na sua família e círculo de amigos. É importante para vencer a pandemia não relaxar o uso da máscara e aliar esse cuidado com mais formas de isolamento. Muitos dos protocolos, como usar o transporte público ou ir ao supermercado protegido e não levando mãos ao rosto deram resultado, mas no contato com pessoas que erroneamente consideramos não-transmissoras é que está o aumento da curva.

Toda vez que tossimos, espirramos ou falamos, emitimos partículas de diversos tamanhos sendo as maiores chamadas de gotículas e as menores de aerossóis. Quando uma pessoa está infectada pelo Sars-CoV-2, o vírus se encontra presente nessas partículas emitidas, o que podem causar novas contaminações.

VOCÊ CONHECE OS RISCOS ASSOCIADOS A DIFERENTES CONDUTAS?

Em um ambiente onde todos aparentam saudáveis (sem sintomas) quais os riscos de contágio em uma pandemia que ainda não acabou?

Para saber os riscos associados a certas condutas temos aqui algumas tabelas com os riscos agrupados: pelo tempo de permanência, pela quantidade de pessoas presentes, pela ventilação ambiente e pelo uso ou não de máscara.

COM MÁSCARA E TEMPO CURTO DE PERMANÊNCIA

COM MÁSCARA E TEMPO LONGO DE PERMANÊNCIA

SEM MÁSCARA E TEMPO CURTO DE PERMANÊNCIA

SEM MÁSCARA E TEMPO LONGO DE PERMANÊNCIA

Superfícies, gotículas, aerossol, contato direto? Máscara, álcool em gel, distanciamento físico, aglomeração, ventilação?

Qual, afinal, a diferença entre essas formas de contato? O pesquisador Vitor Moira, membro do Observatório COVD 19 BR explica de maneira bem prática a diferença:

TRANSMISSÃO POR GOTÍCULAS

Primeiramente, vamos falar da transmissão por gotículas, partículas de 5 a 10 micrômetros de diâmetro. 

Acredita-se que a transmissão direta por gotículas seja a via mais frequente. No entanto, eventos de transmissão por gotículas envolvem um número baixo de pessoas em média. Por se tratar de partículas mais pesadas que rapidamente atingem o solo, essa transmissão ocorre quando há uma interação próxima (menos de um metro) envolvendo conversa, tosse ou espirro, entre duas ou mais pessoas, por um período maior que 15 minutos. 

Nesse caso, as gotículas contaminadas emitidas podem atingir a boca, nariz ou olhos de um indivíduo suscetível e assim transmitir o vírus. Esse tipo de interação é especialmente perigoso quando ocorre sem o uso de máscaras. 

Dessa forma, a prevenção da transmissão por gotículas envolve evitar a proximidade física por período maior que 15 minutos e o uso de máscaras. 

TRANSMISSÃO POR AEROSSÓIS

Da mesma forma como a fala, a tosse e o espirro geram gotículas, aerossóis, partículas de menos de 5 micrômetros de diâmetro, contaminados pelo Sars-Cov-2 também são emitidos. Por serem leves, esses aerossóis podem permanecer no ar por horas, especialmente quando o ambiente é fechado e mal ventilado ou quando há grande aglomeração de pessoas, gerando alta quantidade de material contaminado no ar. 

Essas pequenas partículas também podem viajar por longas distâncias, infectando indivíduos suscetíveis quando inaladas. Apesar da transmissão por aerossol não ser tão comum quanto a transmissão por gotículas em ambientes não hospitalares, ela é ligada a eventos de super espalhamento, ou seja, quando muitos novos casos são ligados a um mesmo evento. 

Como exemplo, houve um grupo de canto próximo de Seattle que registrou 33 novos casos e um café na Coréia do Sul que registrou 56 novos casos ligados a um mesmo evento. 

Eventos ligados à transmissão por aerossol têm em comum o fato de ocorrerem em espaços fechados e mal ventilados, nos quais as pessoas não usam máscara e estão geralmente falando em voz alta. A prevenção desse tipo de transmissão envolve o uso correto de máscaras de boa qualidade e a boa ventilação do ambientemantendo janelas abertas a maior parte do tempo, com trocas ou filtragens constantes do ar uma vez que nuvens de aerossóis são facilmente dispersadas pelo vento.

É importante reforçar que certos comportamentos aumentam consideravelmente a emissão de aerossóis e gotículas e devem ser evitados. Quanto mais alto falamos, maior a emissão de partículas. Dessa forma, ambientes onde as pessoas estão gritando, falando alto ou até mesmo cantando representam um risco maior, especialmente quando ocorrem sem o uso de máscaras, em local fechado e mal ventilado. Nessa seara, bares e festas em locais fechados são especialmente perigosos, uma vez que há baixa adesão ao uso de máscara, ou com pessoas comendo e há muita gente falando alto. A respiração intensa devido a exercícios físicos também aumenta a emissão de perdigotos (em menor escala do que falar alto ou gritar). Dessa forma, ambientes fechados com muitas pessoas se exercitando, por vezes sem máscara, como academias, também devem ser evitados.

TRANSMISSÃO POR CONTATO

Por último, temos a transmissão por contato, podendo ser direta, através de interação com secreções de doentes, ou indireta, através de superfícies contaminadas. Essa transmissão ocorre quando uma pessoa infectada com o vírus tosse, espirra ou fala próximo de uma superfície, contaminando-a. 

O vírus pode permanecer ativo por horas ou até mesmo dias dependendo do tipo de superfície e condições ambientais (temperatura e umidade). 

Dessa forma, ao tocarmos essas superfícies e levarmos a mão diretamente à boca, nariz ou olhos podemos nos infectar também. Apesar de um grande enfoque no início da pandemia, vale ressaltar que essa aparenta ser uma forma minoritária de transmissão quando comparada a gotículas e aerossóis. Não há relatos que comprovem a transmissão por superfícies inanimadas uma vez que é difícil diferenciá-la da transmissão direta por gotículas quando há contato próximo. Porém, ela é considerada possível levando-se em conta estudos com outros tipos de coronavírus. Além disso, diversas investigações encontraram superfícies contaminadas com o vírus, reforçando a viabilidade dessa rota. 

Para a prevenção, é importante a constante higienização de mãos, com água e sabão por ao menos 20 segundos e uso de álcool em gel 70%, e de superfícies.

Reforçamos a grande relevância da transmissão por gotículas e por aerossóis, o que aponta para a enorme importância do uso correto de uma máscara de boa qualidade. Além disso, seguimos recomendando que se evite o contato próximo por período maior que 15 minutos, ambientes aglomerados, fechados e mal ventilados, especialmente nos quais há grande número de pessoas falando alto ou gritando.

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